- Em relação à problemática dos recursos geológicos, predominam 2 correntes: o dos “pessimistas” e a dos “optimistas”. Qual a sua opinião sobre o assunto?
Os recursos geológicos não são respostas à escala humana, no entanto, toda a indústria está, directa ou indirectamente, dependente deste recurso. Com a crescente industrialização e com o crescimento exponencial da população mundial gera-se um aumento do consumo de recursos incompatível com a capacidade de reposição de recursos naturais pelo planeta, bem como a criação de resíduos provenientes do imenso sistema de produção, abalando gravemente a sustentabilidade do planeta. Esta situação foi constatada em meados de 1960, quando profissionais de diferentes países, se reuniram em Roma, ficando este grupo conhecido como o Clube de Roma. Na primeira reunião significativa, em 1968, concluíram que o mundo teria que diminuir a produção, de forma a que os recursos naturais fossem menos solicitados e que a absorção de resíduos dessa produção pelo planeta fosse menor. Acontece que a grande impossibilidade, na época, era exactamente conseguir modificar, de maneira tão radical, o modelo de crescimento. Apesar da proposta do Clube de Roma não ter sido aceite, ela serviu como um alerta, para que o mundo começasse a preocupar-se em encontrar outras soluções neste sentido, a fé na descoberta destas soluções passaria pelo desenvolvimento tecnológico.
De facto, as previsões fatalistas do Clube de Roma não se concretizaram devido ao desenvolvimento tecnológico, porque por um lado, as novas tecnológicas permitiram encontrar novas reservas e recursos, e por outro porque foram desenvolvidas novas tecnologias não poluentes ou remediadoras. Logo na minha opinião deve haver um crescimento sustentável, associado a uma constante evolução tecnológica, de modo a reduzir o impacto ambiental e a tirar o máximo proveito dos recursos extraídos, visto que, mesmo que o ritmo de crescimento abrande, a quantidade de recursos explorados actualmente não é resposta à escala humana, pelo que é provável que os recursos actualmente economicamente inviáveis, no futuro passem a ser considerados como reservas. Ara isto ser possível numa base de sustentabilidade é pois necessário desenvolver um suporte tecnológico adequado.
Em relação a este assunto, relativo à problemática dos recursos geológicos, jugo encontrar-me numa posição mais realista.
Por um lado, o pessimismo inerente às teorias veiculadas pelo Clube de Roma na década de 60 parece-me exagerado, uma vez que, segundo as conclusões a que se chegou na altura, muitos materiais se iriam esgotar antes de se chegar ao século XXI, colocando em causa a existência da vida actual, o que, como se sabe, não se verificou até hoje, nem se verificará, a outro prazo, nos próximos anos, segundo as perspectivas mais recentes que se forma entretanto fazendo.
Por outro lado, e de acordo com os dados obtidos nas investigações mais recentes, a esperança de vida para diferentes substâncias de origem mineral não é muito elevada, tendo em conta as reservas existentes, pelo que, neste sentido, também não há razões para tomar uma posição muito optimista.
Assim, e tendo em conta, mais uma vez, as reservas existentes, e fazendo os cálculos para um crescimento populacional da ordem daquele que se tem verificado nos últimos anos, muitas substâncias de origem mineral têm uma esperança de vida que se situa em apenas algumas décadas.
Os números obtidos desta forma transformam-se, ganhando uma outra dimensão quando, em vez de se tomar em conta as reservas minerais existentes para o cálculo da esperança de vida das diferentes substâncias minerais, se consideram os recursos minerais, conhecidos e desconhecidos.
De facto, desta forma, todas as substâncias minerais vêem alargada a sua esperança de vida, pelo que, provavelmente, a melhor forma de contornar o temível problema de esgotamento das reservas será investir, a grande escala, no estudo, na prospecção e na pesquisa dos recursos que ainda se encontram no campo hipotético, para além de tentar, cada vez mais, racionalizar a utilização de substâncias minerais, de forma a diminuir o mais possível, o seu uso, ou pelo menos a não aumentá-lo de forma tão exponencial, recorrendo a outro tipo de recursos e de energias alternativas. Tudo isto porque, apesar do investimento que se possa pensar fazer no sentido da crescente pesquisa e prospecção de recursos minerais, existem outros aspectos importantes que, neste contexto, têm que se, obrigatoriamente, levados em conta, como sejam a necessidade de grandes avanços tecnológicos, com os elevados custos inerentes a essa evolução, as implementações ambientais associadas à exploração de teores cada vez mais baixos, devido, à crescente acumulação de resíduos que essas explorações implicam, entre outros aspectos importantes, ligados à viabilidade económica deste tipo de processos.
Desta forma, e considerando, como foi anteriormente referido, demasiado pessimistas as perspectivas do Clube de Roma na década de 60, julgo não ser também muito legítimo tomar posições muito optimistas relativamente a esta problemática, por tudo o que implica o esgotamento das reservas existentes e o consequente investimento a outros níveis, o qual levantará, como tal foi dito, uma série de outras questões e problemas igualmente pertinentes.
- Na sua opinião, que tipo de relação existe entre datação de recursos/matriz geológica e nível de desenvolvimento de um país?
É conhecido que toda a indústria está, directa ou indirectamente, dependente de recursos geológicos, e à medida que se verifica um maior desenvolvimento tecnológico e que surgem estruturas sociais maiores e mais complexas, maior é a tendência é potenciada pelo crescimento exponencial da população mundial que se verificou no último século que, obviamente, levou a um aumento, também exponencial, do consumo de recursos minerais.
Posta esta situação seria de esperar que os países mais dotados de recursos geológicos fossem também os mais desenvolvidos.
Contudo, comparando o caso do Japão, muito carente em recursos apesar de ser grande potência mundial, e o da Bolívia, que embora possua uma enorme base de recursos, nunca conseguiu atingir um grau de industrialização considerável, podemos inferir que a taxa de utilização de recursos e a sua relação com o PIB constituem expressivos indicadores do grau de desenvolvimento de um país. No entanto a trilogia recursos-tecnologia-mercado é a que melhor representa o grau de desenvolvimento, visto que, como já vimos, não basta possuir os recursos, há que haver tecnologia para os extrair eficazmente, com a maior rentabilidade possível de modo a gerar um mercado equilibrado destes.
A dotação de um dado país em recursos pode induzir ao erro de o associar a níveis de desenvolvimento que não se encontram de acordo com a realidade.
Efectivamente, um país bem dotado de recursos pode conduzir a ideias erradas relativamente ao seu nível de desenvolvimento. Os casos do Chile e da Bolívia são bom exemplo disso mesmo, uma vez que a boa dotação que ambos possuem em termos de recursos minerais não está, na realidade, minimamente associada aos seus níveis de desenvolvimento que, como se sabe, são, em ambos os casos, relativamente baixos, comparativamente a outros países que, embora não dotados de recursos minerais, como é o caso do Japão, atingiram níveis de desenvolvimento muito mais elevados.
Na realidade, a dotação de recursos minerais por parte de um determinado país está relacionada com a geologia desse país, com os fenómenos geológicos que aí ocorreram; no entanto, a existência, por si só, de depósitos minerais importantes não é, de forma nenhuma, suficiente para assegurar uma indústria mineira desenvolvida.
Neste contexto, é importante considerar o triângulo básico que condiciona a exploração de recursos minerais e que toma em consideração 3 factores-chave neste processo, que devem, num determinado país, e numa situação ideal, ser simultaneamente dominados, a existência de recursos (a disponibilidade e suficiência de reservas) e “know-how” (tecnologia disponível) e o mercado (a existência de oferta/procura).
Desta forma, facilmente se pode compreender que um determinado país, mesmo que tenha uma base de recursos, se não tiver associada esse beneficio uma tecnologia desenvolvida, ou se as conjunturas do mercado, relativamente aos regimes de oferta/procura não lhe forme, por certas razões, favoráveis, muito dificilmente conseguirá desenvolver uma industria lucrativa.
Por outro lado, mesmo que um determinado país não dispunha de uma base de recursos importante, mas tenha desenvolvido uma tecnologia muito avançada e se tiver em conjugação, com isso, conjunturas de mercado relativamente favoráveis, pode muito bem atingir níveis de desenvolvimento muito acentuados, como é o caso do Japão.
Portanto, e em jeito de conclusão, não existe relação obrigatória entre “dotação de reservas / matriz geológica” de um determinado país e o seu “nível de desenvolvimento”.
- O que entende por diferenciação magmática? Como se relaciona este processo com diferentes tipos de depósitos minerais que podem ocorrer na sua dependência?
A diferenciação magmática corresponde às modificações que a composição original de um magma vai sofrendo devido a vários factores, internos e externos ao próprio magma.
Desta forma, depois da formação de um magma e ao longo do processo ascendente que inicia, vai-se dando o contacto com rochas cuja composição é completamente diferente da do material inicial que lhe deu origem, por fusão parcial e com os quais não se encontra em equilíbrio. Através de reacções com esse material “estranho”, o magma pode ir sofrendo modificações da sua composição original por contaminação. A incorporação de materiais estranhos no magma pode provocar também modificações das suas características iniciais através da assimilação das mesmas.
Para além disso, no interior de uma câmara magmática, o magma não vai arrefecendo uniformemente, podendo verifica-se uma vasta gama de temperaturas no interior de uma câmara magmática. Estas variações de temperatura podem igualmente causar variações na composição química do magma, de uma zona para a outra, tornando-se assim possível que, dentro de uma mesma câmara magmática, se formem magmas imiscíveis, dando origem a diferentes padrões de cristalização. A diferenciação de um magma primário pode ainda ocorrer através da mistura de magmas de composição diferentes, dando-se a cristalização de produtos diferentes do que derivaram de qualquer um desses magmas isoladamente.
- L. Bowen, um geólogo canadiano, observou experimentalmente que um líquido de composição magmática, ao longo do seu arrefecimento, cristalizava por fracções, verificando-se que, à medida que a temperatura ia diminuindo, os minerais iam cristalizando segundo uma determinada sequência. Segundo a teoria da cristalização fraccionada, a composição inicial de um magma vai sendo modificado pelo sucessivo empobrecimento em elementos que se vão integrando nos minerais que vão cristalizando, em fracções sucessivas, com o progressivo arrefecimento do magma.
A cristalização de, por exemplo, um magma de composição basáltica inicia-se pelos minerais mais pobres de sílica (minerais mais máficos), não se formando, durante os primeiros estádios de cristalização, os minerais mais ricos em sílica (minerais mais félsicos) e de ponto de fusão mais baixo.
O mecanismo de formação de diferentes tipos de rochas a partir de uma mesmo magma inicial é também explicado pela possibilidade de, durante os processos de cristalização no interior da câmara magmática, se verificarem fenómenos de separação gravítica, ou seja, a queda dos primeiros minerais formados, mais densos, para o fundo da câmara magmática. Sabendo que esses primeiros minerais são os mais pobres em sílica e os mais ricos em cálcio, ferro e magnésio (minerais calco-ferro-magnesianos, mais máficos), as fracções residuais do magma separadas desses minerais vão ficando relativamente enriquecidas em sílica e quanto mais efectiva se revelar essa diferenciação por cristalização fraccionada, mais ácidas e mais félsicas vão ser as rochas resultantes da solidificação dessas fracções residuais do magma.
A diferenciação magmática resulta de fenómenos complexos que originam produtos magmáticos diferentes (e portanto rochas diferentes), a partir de um mesmo magma inicial, dito parental.
Durante o arrefecimento do banho magmático, nem todos os minerais cristalizam ao mesmo tempo. Primeiro cristalizam os minerais de ponto de fusão mais elevado e depois os restantes, por ordem dos respectivos pontos de acordo com a série de Bowen.
Este fenómeno é conhecido por cristalização fraccionada. Outro processo, designado de diferenciação gravítica, ocorre quando os cristais solidificados da primeira espécie mineral formada, sendo mais denso, precipitam e acumulam-se na base da câmara magmático, originando massas rochosas quase exclusivamente formadas por um só mineral e cuja composição global é substancialmente diferente do magma parental. Estes dois processos são os principais responsáveis pela diferenciação magmática, embora existam outros.
Da diferenciação magmática surgem diferentes tipos de depósitos minerais, proto ou tardi-magmáticos consoante a mineralização ocorre numa fase inicial ou tardia da diferenciação.
- Que tipos de fluidos mineralizantes conhece? Desenvolva dois ás sua escolha.
Existem diversos tipos de fluidos mineralizantes como: os magmas com composição predominantemente silicatada (ou os fluidos que derivam desses magmas, ricos em óxidos, carbonatos ou sulfatos), os fluidos hidrotermais ou de “águas-dominados”, as águas meteóricas, as águas marinhas, as águas fósseis e ainda os fluidos relacionados com processos metamórficos
Nos fluidos hidrotermais, de águas dominadas, a água pode ser proveniente de diferentes origens, podendo ter uma origem hipogénica ou uma origem supergénica. As águas com uma origem hipogénica são profundas, originando-se através de processos de diferenciação magmática, sendo conhecidas como “águas jovens”, nunca tendo estado em contacto com a atmosfera. As águas com uma origem hipergénica, são superficiais, originando-se a partir de águas meteóricas (as que estiverem em contacto com a atmosfera) ou de águas fósseis (formadas pelo processo de sedimentação, atravessando um período de tempo sem estarem em contacto com a atmosfera, encontrando-se na fronteira de depósitos petrolíferos e são activado por fontes de calor, tornando-se reactivas).
As águas marinhas têm, por um lado, um papel passivo, desempenhando uma função de transporte e por outro lado, um papel activo, constituindo uma parte do fluido mineralizante.
Os fluidos relacionados com processos metamórficos representam uma subdivisão de águas fósseis, deslocando-se de zonas com temperaturas relativamente moderadas....
- Refira dois exemplos relativos a controlo estrutural e químico / litológico.
O controlo estrutural é imposto por factores de natureza tectónica que condicionam algumas etapas do processo mineralizante. Relativamente à sua instalação podemos distinguir mineralizações ante e pós-téctónicas. O estudo da camada de sulfuretos na Mina de Steken Jokk revelou uma camada dobrada isoclinalmente, fruto de uma mineralização ante-téctónica. Já o jazigo de Bendigo de Ouro na Austrália representa uma mineralização pós tectónica do tipo “Saddle Reef” (em forma de sela), na qual os fenómenos condicionaram o próprio processo de mineralização, criando uma “armadilha estrutural”.
No que toca ao controlo químico/litológico, o quimismo da rocha depende da própria litologia, existindo determinadas mineralizações que aparecem associados a determinadas fáceis litológicas. Este tipo de controlo é visível nos jazigos de substituição de fases mineralógicas. Os jazigos do tipo Skarn (de metassomismo de contacto entre rochas graníticas e sedimentares) e a Faixa Piritosa Ibérica ( na qual as mineralizações aparecem ligadas a rochas félsicas (a determinados tipos de tufos do Complexo Vulcano-sedimentar) são exemplos de controlo químico / litológico.
Depósito mineral – é qualquer concentração de um mineral natural de localização restrita terrestre. Os processos que levam à formação de minerais são processos normas inerentes ao próprio funcionamento do nosso planeta. A maioria dos processos de formação dos depósitos minerais envolve existência de fluidos mineralizantes. Os principais processos geológicos que podem conduzir á formação de depósitos minerais são:
- Concentração por diferenciação magmática.
- Precipitação a partir de fluidos aquosos quentes (fluidos hidrotermais)
- Precipitação a partir de soluções aquosas em ambientes sedimentares (precipita são química)
- Concentração hidrogravítica de minerais densos
- Depósitos residuais originados por alteração meteórica e formação de combustíveis fósseis a partir de concentrações de matéria orgânica.
LMI- é um depósito mineral formado pela concentração por diferenciação magmática. Estes depósitos através de diferenciação crescente vão dar origem a pórfiros e a seguir a pegatitos.
LMI à Pórfiros à Pegmatitos
São designados depósitos tardi-proto-magmáticos.
LMI designa ”Layered mafic intrusion”, geralmente encontram-se alojadas em cratões ou pelo menos na crusta terrestre.
O minério que surge com maior interesse nestes depósitos são a cromite, ilmenite, níquel e o cobre.
Porfory- são depósitos relacionados com intrusões intermédias a félsicas. São grandes depósitos, com teores médios a baixos constituídos principalmente por calcopirite. Estão relacionados com intrusões calco-alcalinas porfíricas, localizando-se em “estrato-vucão (vulcões constituídos pela alternância de leitos de lavas e tufos). Formam-se a profundidades de 1 a 3 km
MSD- são depósitos vlcanogénicos de sulfuretos maciços. Designa-se por Massive Sulfid Deposits. São depósitos relacionados com vulcanismo submarino e que reflectem uma sequência contínua tipo rocha-corpo mineralizante - rocha.
Destaca-se a deposição de sulfuretos de Cu-Ni, Cu-Zn, Cu-Au...... e formações bandadas de Fe, depósitos de Mn e Fe (no caso específicos de Kuruko).
Pórfiros Cupríferos- são grandes depósitos, com teores médios a baixo, constituídos por calcopirite. São relacionados com intrusões calco-alcalinas porfíricas, localizando-se em “estrato-vulcões”.
Formam-se a profundidade de 1 a 3 Km.
São exemplos deste tipo de depósitos de San Manuel (Pórfiros Cupríferos da Cordilheira). Neste exemplo é de salientar as alterações (graduais, no sentido da temperatura decrescentes), as mineralizações associadas e forma de ocorrência dos sulfuretos.
Neste tipo de alteração, tendo em conta o tipo de rocha encaixante, tipo de fluido e gradiente de temperatura vão aparecer fáceis típicas com mineralizações típicas:
Não é a temperatura global, mas sim o gradiente de temperatura que é importante.
Exemplo de mineralizações associadas:
- Potássica (Qz + feldespato potássico + biotite)
- Filitica (qz + sericite + pirite)
- Etc.
Forma de ocorrência dos sulfuretos pode ser sob a forma disseminada, sob filonetes e microfilonetes.
Alteração - é qualquer mudança na composição mineralógica de uma rocha, em resultado de processos físico-químicos que são desencadeados por acção de fluidos hidrotermais.
Os padrões de alteração e respectivos efeitos de zonamento têm tendência para serem repetidos, progressivos e portanto produtivos. A análise dos fenómenos de alteração é muito importante na prospecção/pesquisa de depósitos minerais e para o entendimento da formação destes mesmos depósitos.
São exemplos ilustrativos os “halos” de alteração em redor de uma intrusão, distribuição das alterações dos minerais que constituem a ganga.
Influência de uma falha numa deposição mineral
Deposição mineral:
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X : Estratos sedimentares posteriores
--- : Estratos sedimentares posteriores
ooo : Minerais que nos interessam
<<< : Estrato sedimentar sobre o qual está depositado o depósito que interessa
este jogo de falhas pode conduzir ao prematuro abandono de exploração de um jazigo, pois ao ocorrer deslizamento de uma parte desta deposição de minerais, pode ocorrer uma incorrecta interpretação, levando a pensar que os sedimentos que deslizaram já forma erodidos ou forma sobrepostos a outros sedimentos. No entanto, esses sedimentos estão lá, apenas mudaram de posição.
Zonalidade - é um conceito que está relacionado com o espaço, distribuição espacial dos elementos que podem ser associações de minerais, traços, texturas, etc.
Na paragénese o factor tempo é o mais importante. Uma paragénese é um conjunto de minerais com deposição simultânea contemporânea limitada no tempo e no espaço, que se formara segundo um mesmo processo genético.
Associação de minerais - é um conjunto que está no mesmo local, mas cujo processo genético não é o mesmo entre todos, apesar de poderem ter sido simultâneos.
A zonalidade pode ser detectada macroscopicamente, a olho nu, ou em laboratório (zonalidade química ou críptica). A paragénese é mais complexa e envolve a análise de muitas amostras ao microscópio. A zonalidade tem um interesse prático, visto que, se há um processo geológico associado a dada zonalidade é possível através de observação à superfície, concluir acerca de ocorrência em profundidade, e fazendo um apreciação do tipo de mineralização, o prospector, pode decidir acerca do avanço ou não da exploração.
O mesmo acontece com a paragénese, visto que para depósitos do mesmo tipo existe normalmente a mesma paragénese.
Um exemplo de zonalidade geoquímica é a zonalidade provocada por Grisenização e metassomatismo em críplas graníticas.
A grisenização ocorre por mineralização de Sn e W (agregados de Qz e micas). Quando a temperatura desce assim como a acidez forma-se albite sobre os minerais existente (feldspatos sódicos) com a contínua descida de temperatura e acidez ocorre micro climatização (feldspatos potássicos).
Durante todo o processo o Be acompanha o K e o Nb acompanha o Na.
Principais tipos de jazigos de urânio
Os principais tipos de depósitos se urânio são: depósitos tipo discordância, que ocorrem em soluções ou em disseminação nos sedimentos e formam-se a partir de salmoures em bacias sedimentares na sua passagem por ambientes redutores ricos em FE e C. Um exemplo disso é o jazigo tipo Athobasca e Pine Cruke.
Para além dos depósitos tipo discordância existem também depósitos tipo grés, em que a água circula e penetra em profundidade em direcção aos aquíferos e quando encontra zonas redutoras precipita a uraninite. Um exemplo explicativo encontra-se no Texas, o jazigo Colorado Plateau, jazigos tipo “Roll Front” e jazigos tipo “Humate”.
Outro tipo é o depósito Paleoplacors que se formam por acumulação detrítica ou mecânica. São constituídos por calhaus de quartzo rolados e clastos rolados de uraninite. Exemplo é o jazigo de Elliot Lake e jazigos de Witwaterseand (África do Sul).
Existem ainda os depósitos filonianos que são confinados em discordância, zonas de endocontacto e exocontacto de granitos.
Depósitos hidrotermais que têm origem infra-intrusiva e vulcanogénicos que são associados a vulcanismo félsico, por exempo, pórfiros, filões, stockwork, breccia pipes, podem ser obtidos como sub-produtos por lixiviação.
Portugal foi um dos principais produtores mundiais de urânio e o principal da Europa. As reservas conhecidas colocam o nosso país em terceiro lugar na Europa Ocidental.
As minas de Urgeiriça forma um dos jazigos de urânio mais importante no nosso país. Na zona de Nisa exste um dos maiores depósitos de urânio do país que tem sido alvo de campanhas de prospecção. Em 1954 criou-se a junta d Energia Nuclear que teve como missão fazer a prospecção e exploração uranífera em Portugal. Em 1977 a JEN transformou-se na ENU ou seja, na Empresa Nacional de Urânio.
Fase de estudo de Pré viabilidade
A fase de estudo de pré viabilidade trata de um estudo que se faz antes do estudo de viabilidade, que diz respeito á rentabilidade da exploração. No estudo de pré viabilidade devem ficar definidos:
Os custos de exploração
A quantidade de concentrado que se vai obter
Os teores
A diluição e recuperação
O “cut-off”
O “net smelter return” ara cada uma tonelada de minério.
De acordo com os valores obtidos, decide-se se vale a pena ou não o estudo de viabilidade.
O “Bulk sampling” que é a recolha de amostras em bruto e representativas, feitas por sondagens de grande diâmetro, permite a avaliação dos ensaios mineralógicos.
Como ocorrem os diferentes tipos de jazigos
Os diferentes tipos de jazigos ocorrem sempre associados a determinados tipos de rochas e por conseguinte a determinados tipos de ambientes geotectónicos. É essencial que o geólogo prospector saiba fazer a analogia entre eles, ou seja, estabelecer co-relações entre determinados tipo de mineralizações e ambientes geológicos nos quais ocorrem.
Num projecto de prospecção de um jazigo de Cobre, começava por procurar zonas de placas convergentes, nos arcos principais (ARC), visto que nestas zonas ocorrem minerais de Cu. Os arcos principais são caracterizados por faixas continuas de batólitos, stokes, rochas toleríticas, etc.
Os jazigos associados são os pórfiros cupríferos, os “Copper bearing Breccia Pipe”, os “Skarns” e os jazigos de Cu – “Manto type”.
Num projecto de prospecção de um jazigo de estanho procurara as zonas internas dos arcos principais (Back arc). Nestas zonas de agmetsmo no interior dos continentes, onde a mineralização ocorre nas zonas de subducção menos inflectidas, ocorrendo a formaçã de estruturas do tipo Horst-Grober.
Os jazigos associados são “Porphyry Tin” constituídos por SN e W.
Ocorre também nos “hot-spots”
Os processos geológicos podem levar á acumulação de minerais em menor ou maior escala, originando ou não concentrados apreciáveis e que podem vir a ser explorados economicamente pelo homem. É necessário que se faça um controlo dos mecanismos genéticos que levaram á formação de dado jazigo para fazer uma prospecção do local a uma futura exploração.
Um dos controlos que se faz, é o controlo estrutural, no qual se estudam os factores de natureza tectónica que condicionam um certo processo de mineralização. A mineralização pode ter ocorrido durante o movimento tectónico ou após este (mineralização pós-tectónica). A mineralização pós-tectónica altera a forma inicial do jazigo, formam-se “armadilhas – estruturais”, como se exemplifica nas estruturas do tipo “Saddle-reef”.
Nesse tipo de estruturas, que se encontram muito dobradas, aumentam os espaços vazios, facturação, nas zonas de charneira, o que faz aumentar a circulação de fluidos, visto que é mais fácil a sua passagem, logo ocorrem mais processos mineralizantes.
Um exemplo do jazigo do Bendigo de AU na Austrália.
A zonalidade é um conceito que está relacionado com o espaço, isto é, com distribuição espacial dos elementos. Estes podem ser espécies minerais, associações de minerais, etc. Pode-se fazer sentir a “olho nu”, macroscopicamente, ou apenas em laboratórios, zonalidade críptica ou química.
Exemplo: zonalidade provocada por greisenização e metassomatismo em cúpulas graníticas.
Os chapéus de ferro ou Gousen são óxidos de ferro sob a forma maciça. São depósitos que ocorrem devido á alteração meteórica cujo agente é principalmente, as águas meteóricas, ou seja, ocorrem fenómenos de oxidação devido á acção das águas meteóricas. Têm cor vermelha e podem ser muito extensos, atingindo vários Km. No enriquecimento supergénico o que acontece é que os materiais (metais) de zonas superiores, são lixiviados de zonas de oxidação e são redepositados e concentrados em profundidade.
O que separa estas zonas mais profundas das zonas superiores é o nível freático (águas subterrâneas). Acima deste, as águas são ácidas e abaixo, as águas são mais básicas e por isso, redutoras.
Numa zona superior existem óxidos e hidróxidos de ferro, depois encontramos uma zona empobrecida pela lixiviação e uma zona de óxidos, onde remos ter Cu nativo.
Abaixo do nível freático encontramos uma zona enriquecida onde também existe Cu nativo. Numa zona mais profunda encontramos uma mineralização primária, “zona protore”, onde existe calcopirite mais pirite disseminada.
O controlo estrutural é imposto por factores de natureza tectónica que condicionam algumas etapas do processo mineralizante.
Relativamente á sua instalação, podemos distinguir mineralizações ante e pós-tectónica.
O estudo da camada de sulfuretos na mina de Steken Iark revelou 1 camada dobrada isoclinalmente, fruto de uma mineralização ante-tectónica.
O jazigo de Bendigo de Ouro, na Austrália, representa uma mineralização pós tectónica do tipo “Saddle reef” (em forma de sela) no qual os fenómenos tectónicos condicionara o próprio processo de mineralização, criando como que uma armadilha estrutural.
Quanto ao contacto químico / litológico, o químico de uma rocha depende da litologia, existindo determinadas mineralizações que aparecem associadas a determinadas fáceis litológicas.
Este controlo é visível nos jazigos de substituição metassomática, nos quais ocorre processos de substituição de fases mineralógicas.
Os jazigos do tipo “Skarn” (de metassomatismo e contacto entre rochas sedimentares e graníticas) e faixa piritosa Ibérica (onde as mineralizações aparecem associadas a rochas félsica) são dois exemplos que considero ilustrativos.